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Texto produzido pela pesquisadora Sumaya Mattar para a exposição Universo, da ceramista Shoko Suzuki, no Sesc Ipiranga.
Primavera de 1962. Shoko deixa o Japão e embarca no navio que a traria ao Brasil. Um sonho-semente brotava em seu coração. Desejava chegar àquele país distante, em que uma nova cidade acabara de ser inventada por um também sonhador, Oscar Niemeyer, em meio à árida paisagem. Naquele país, tudo seria possível, até mesmo a reinvenção do seu destino. A viagem seria longa, duraria o tempo suficiente para que seu sonho crescesse e alcançasse o Universo. À chegada, os pés tocariam o solo, sentiriam o calor do lugar e de seus habitantes; então, as mãos afagariam a terra, vasculhariam suas profundezas e reconheceriam a substância familiar. A matéria primitiva aguardava sua ação poética para alcançar a superfície. Assim fez Shoko, assim, incansavelmente, vem fazendo ao longo de seus quase setenta anos de carreira.
As peças nascidas da relação entre seu corpo e a argila percorrem um ciclo completo de criação - do preparo da matéria bruta à sua transmutação - uma verdadeira extensão do ciclo germinativo da terra. Na poética desta ceramista, apagam-se as fronteiras entre natureza e espírito e entre arte e existência. Transcendendo as tradições, ela produz uma obra singular, contemporânea, que se revela em todos os elementos que a constituem: da forma ovóide, germinativa, aos títulos que também remetem ao primordial: Terra, Aldeia, Flor, Caminho, Constelação, Cosmos, Universo.
Sua obra exige uma contemplação em profundidade. Cada peça nos lança à espiral de um tempo intermediário entre passado, presente e futuro, deslocando-nos do ordinário e nos remetendo ao universal. Um valor vital do qual a arte não pode prescindir. Ao tocá-las, somos reconduzidos a um tempo em que a obra de arte não tinha um fim em si mesma, integrada que estava às demais dimensões da vida.
Em seus oitenta e sete anos de vida, Shoko reafirma, a cada passo, seus sólidos princípios éticos e estéticos, em um profundo ato de resistência à precariedade da vida. Sua obra engloba tudo e reduz o todo à unidade. Como verdadeira demiurga, ela inventa, compõe e recompõe o Universo com peças em cujas superfícies brilham constelações compostas por pequenos pontos justapostos, marcas de seu obstinado labor. Assim, segue realizando em plenitude seu sonho cósmico de perenidade.
O trabalho lhe faz bem, revigora sua energia criadora e renova suas fontes de vitalidade, imaginação e vontade construtivas. Aliada à matéria eleita, ela afronta as tempestades e experimenta em profundidade sempre renovada a potência de sua ação poética, inventando os meios e os fins e reinventando a própria vida. Uma preciosa lição para os nossos dias e os tempos vindouros.
Shoko Suzuki, Cosmos Trem Noturno, 2013. Foto: Rômulo Fialdini
